O bicho homem
está cansado
de ter dois pés,
o pobre bípede,
de irmãos quadrúpedes
pede socorro
na carne em brasa
com que o ferraram
como exceção.
Está cansado
desorgulhoso
e castigado
de uma postura
cujo equilíbrio
faz de um cochilo
condenação.
O bicho homem
quer ter da vida
a paz segura,
mansa, bovina,
de seus irmãos
de sorte e corte:
o pasto livre
do próprio chão.
Não quer miragens
de nuvens altas
se são de um verde
sem opção.
Basta-lhe o gosto
de pó, de lama,
do seu mundinho
de curto barro,
conquanto o tenha,
não por exílio,
nem entre grades,
mas com direitos
de cidadão! |