Na expectativa de rimar, parece
que já não sou, eu só, o autor que traça
o que imagina; é como se estivesse,
involuntariamente, em plena graça.
Na inspiração o artista permanece,
até que seu lavor o satisfaça,
dando-lhe ensejo de atingir a messe
da glória tão esquiva quanto escassa.
Quando completo meu trabalho, noto
que eu não supunha, exatamente, assim
a forma certa de que sou devoto.
Tudo o que eu tenha de melhor em mim,
na construção de meu poema esgoto,
na vã tortura do sonhado fim. |