Um punhado de bravos,
Guiado por um certo ideal,
Da terra são escravos,
Vivendo como chacal.
Açoitados pela fome,
Mal ficam de pé,
Como seres sem nome,
Só não perdem a fé.
Chega aquela criatura,
Como um mensageiro,
Dono de fala pura,
É Antônio Conselheiro.
Levanta-lhes o moral,
Anima-os o viver,
Com um toque paternal,
Diz somente a Deus temer.
Tem seu nome falado,
Por todo aquele sertão,
Seu talento cantado,
Na fala do seu sermão.
Vêem vindo forasteiros,
Vão chegando devagar,
Clareando com os candeeiros,
Os recantos do lugar.
Heis que chega à cidade,
Notícia da insurreição,
Destorcendo a verdade,
Impingida por pressão.
Surgida foi em Canudos,
Dizem, a tal rebelião,
Pobres, também desnudos,
São os rebeldes da nação.
Ao chegar a notícia,
Da dita sublevação,
Preparam a milícia,
Para entrar logo em ação.
Estavam bem confiantes,
Ser fácil, a empreitada,
Prender os petulantes,
Já era coisa acabada.
Vencido foi o primeiro,
E o segundo batalhão,
E também foi o terceiro,
Derrotado de roldão.
Vai o quarto grupamento,
Disposto em seis brigadas,
Seguindo bem atento,
Do inimigo, as pegadas.
Foi uma luta, renhida,
Corpos ali às vistas,
A batalha é perdida,
Pelos conselheiristas.
Muitos são aprisionados,
Comendo a poeira do chão,
Outros decapitados,
Pelos golpes do facão.
Teve a vida acabada,
Conselheiro, agora é réu,
Cabeça decepada,
Levada como troféu.
Cem anos são passados,
Canudos! Lembra a nação,
Agora eles são honrados,
Como bravos do sertão. |