Elevada ao alto do pedestal,
vê-se a nobre estátua, opulenta,
daquele que cantou no passado,
com tanta beleza e exuberância,
a almejada febre de liberdade
e a eterna glória dos heróis.
Teve a poesia no coração,
forte arma com a qual combatia,
a inflada vela dos navios negreiros,
quando bando maltratado de escravos,
como daninhos cães, acorrentados,
nos fétidos porões desfaleciam.
Do alto daquele esculpido pilar,
com o rígido braço distendido,
para o dois de julho, assim nos apontar,
recordando aquelas batalhas cruentas,
quando tantos irmãos se digladiavam,
se matando numa luta de heróis sem nome.
Emérito poeta dos escravos,
defendendo-lhes a almejada liberdade,
bradava contra aquele cárcere vil,
com sua famosa e inspirada lira,
rogando até ás ondas do vasto mar,
que “ apagasse do seu manto, cruel borrão ”.
A pátria hoje a ti reverencia,
Castro Alves, assim eras chamado,
pelo que foi tua vida e teu passado,
pelos versos que doastes ao mundo,
te presta merecido preito de glória,
e te dedica belo capítulo da história. |