Eugênio Rubião 

Trovas
 
A saudade é linda prece
Que se reza todo dia;
Mas o rosário mais cresce
Para o infeliz que o desfia.

Em teu desejo persiste,
Nada, porém, realizes:
Que não há nada mais triste
Que o bocejo dos felizes.

A viola é uma menina,
Mas tem capricho, hás-de crer:
Arrufa-se e desafina
Na alegria e no prazer.

Devagar, devagarinho,
Em silêncio e sem alarde,
Na doçura do caminho
Desata a rosa da tarde...

Um ano vai, vem outro ano;
Mas de sofrer já se cansa:
Cresce o DEVE desengano,
Morre o HAVER esperança!

 
 
Remetente: Marlene Andrade Martins
 

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Página editada por  Alisson de Castro,  Jornal de Poesia,  02 de dezembro de 1997