Emerson dos Santos Moura

Veneno
                  
 
Eu provo seu veneno
Doce, me faz girar
Matando sem perceber, me entrego
Quanto mais eu tenho, mais quero
E entro na roda do vício destes cabelos loiros
Fico tentando encontrar uma razão, sei que não há
Tento fugir, me mantenho ao seu alcance, não é real
E pelas suas palavras, lambo seus pés
Belos, perfeitos
Suas coxas, suas pernas
Me perco, não quero me encontrar
Seu sorriso um tanto congelado, estático
Aprecia os serviços de seu escravo
Aos seus pés úmidos...
O que mais você quiser, você terá
Seu corpo quente as vezes parece implodir em você, treme
Como eu queria atravessar esses olhos
E encontrar a pessoa debaixo desta pele
Sem medos, sem complexos, sem vergonha
De nada, de tudo
Não gostaria de permanecer inconstante, imperfeito
Seu veneno me deixa meio tonto, desconexo
Palavras que já não entendo
Você diz... já sou parte de você
Não é verdade, estou morrendo
Ou será que não? Alucinação?
Se eu sobreviver, sei que sempre vou querer mais
Deste teu veneno...
Doce que me faz morrer
Esperando outro dia que não sei se vai chegar
Doce que escorre da sua boca na minha
Me faz viver sem saber se haverá um outro beijo
Este seu veneno...
Vício que não acaba
Mas morre um pouco todo dia
Veneno...
Vício doce...
Veneno...
                                                                           
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 Página editada  por  Alisson de Castro,  Jornal de Poesia,  25  de  Maio  de  1998