Fábio Afonso de Almeida


Édrio

Uma sombra entra no bar Cabelos escorridos, terno barato Olhos empapuçados e perdidos Måos que escondem vil tremor Dentes trincados de medo E o gesto disfarçado, casual. O gole. E o corpo arrepia-se numa gastura Treme da cabeça aos pés. Os olhos inchados voltam para fora Os olhos piscam ante o sol forte da rua Em frente ås torres brancas Da catedral... Cidade maldita! Duas torres e um rosto macilento, eu vejo O jardim sujo em frente, os ônibus, a multidåo Ah! A química branca e frenética! Maldita! Maldita! Escadas de mármore dançando ao sol Tempo bêbado, ângulos estranhos Cadedrais tortas da vida. O solítário sorri dois dentes apenas Monumental ironia. Escarnece do mundo E a escadaria se contorce, subindo... Alguém entende? A catedral tonta Da cidade maldita. Os insetos da rua Correm em fuga incerta. A dor de Deus bebe o mundo.


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