Fábio Afonso de Almeida


Espere

Espere, que na noite mais profunda, Os furores do anseio tirarão meu sono E aflito, correrei sem rumo Na busca frenética de mim mesmo. As horas, desfiando em silêncio, Irão esfriar meu corpo cansado, a sofrer Os tremores convulsos da ausência da carne, Transformados, na dor, em gozo estranho. A alma solitária, em vôo sem rumo, Estará confusa pelo nada do ato estéril, E se debaterá como um manto incontrolado, Estendido ao fragor da tempestade. Nessas noites incontroláveis de solidão, O Espirito, como uma criança abandonada, Procura perdidamente o corpo que o abriga E juntos, cristalizam uma lágrima mansa. Que rola sem rumor, enquanto quente E única. Mas ao multiplicar-se sem controle Em gigantescas torrentes de estrépida revolta Tornará também impossível seu sono de pedra.


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