Ah, quem escreverá a história do que poderia
ter sido?
   Será essa, se alguém a escrever,
   A verdadeira história da humanidade.
  O que há é só o mundo verdadeiro, não
é nós, só o mundo;
   O que não há somos nós, e a verdade
está aí.
   Sou quem falhei ser.
   Somos todos quem nos supusemos.
   A nossa realidade é o que não conseguimos nunca.
   Que é daquela nossa verdade — o sonho à janela
da infância?
   Que é daquela nossa certeza — o propósito a
mesa de depois?
   Medito, a cabeça curvada contra as mãos sobrepostas
   Sobre o parapeito alto da janela de sacada,
   Sentado de lado numa cadeira, depois de jantar.
   Que é da minha realidade, que só tenho a vida?
   Que é de mim, que sou só quem existo?
   Quantos Césares fui!
   Na alma, e com alguma verdade;
   Na imaginação, e com alguma justiça;
   Na inteligência, e com alguma razão —
   Meu Deus! meu Deus! meu Deus!
   Quantos Césares fui!
   Quantos Césares fui!
   Quantos Césares fui!  |