Lisboa com suas casas
De várias cores,
Lisboa com suas casas
De várias cores,
Lisboa com suas casas
De várias cores ...
À força de diferente, isto é
monótono.
Como à força de sentir, fico só
a pensar.
Se, de noite, deitado mas desperto,
Na lucidez inútil de não poder
dormir,
Quero imaginar qualquer coisa
E surge sempre outra (porque há sono,
E, porque há sono, um bocado de sonho),
Quero alongar a vista com que imagino
Por grandes palmares fantásticos,
Mas não vejo mais,
Contra uma espécie de lado de dentro de
pálpebras,
Que Lisboa com suas casas
De várias cores.
Sorrio, porque, aqui, deitado, é outra
coisa.
A força de monótono, é diferente.
E, à força de ser eu, durmo e esqueço
que existo.
Fica só, sem mim, que esqueci porque durmo,
Lisboa com suas casas
De várias cores. |