Álvaro de Campos
 
A Praça
 
    A praça da Figueira de manhã, 
    Quando o dia é de sol (como acontece 
    Sempre em Lisboa), nunca em mim esquece, 
    Embora seja uma memória vã. 

    Há tanta coisa mais interessante 
    Que aquele lugar lógico e plebeu, 
    Mas amo aquilo, mesmo aqui ... Sei eu 
    Por que o amo?  Não importa.  Adiante ... 

    Isto de sensações só vale a pena 
    Se a gente se não põe a olhar para elas.   
    Nenhuma delas em mim serena... 

    De resto, nada em mim é certo e está 
    De acordo comigo próprio.  As horas belas 
    São as dos outros ou as que não há.

 
 
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