Félix Aires
Porto de São Luís
				De momento a momento, amuado, o mar esmurra, 
				bruto, esbaqueia, esbate, esbraveja, esbarronda!  
				Os mais fortes murais o seu chicote surra 
				e atrevido intromete, estruge, atroa, estronda!
				Enche, transborda e vaza, encharca, estoira, esturra, 
				inquieto, a retesar seus pulsos de onda em onda!  
				Hércules que protesta e incrivelmente empurra 
				enormes vagalhões, sem ter quem lhe responda!
				Gigante intempestivo, intrépido, arruaceiro, 
				que de rosto fechado ameaça o mundo inteiro, 
				espragueja a cuspir os portos das cidades!
				— Mar que amedronta a terra em doudos temporais 
				o ódio, pior que tu, de arremessos fatais, 
				incha, resmunga e explode em negras tempestades!
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