Há um mistério aflorando a intimidade
distante da visão, longe do tato:
transcende o tempo e vence a eternidade,
e segue a caminhar sem rumo exato.
A pele, o chão, a superfície deve
ao grão, ao corpo, a estrela, à sua chama:
Brilho fugaz da vida, acende breve,
se oculta imerso em meio a negra trama.
No centro onde o luzeiro instala a corte,
a imóvel noite está encarcerada,
aguarda a queda, a provisória morte
da inteira multidão incendiada.
Vêm da noite, dos pontos cardeais,
sacerdote e guerreiro, exibem cruzes
nos punhos das espadas, dos punhais
onde cravadas tremem débeis luzes.
Cada corpo, cada astro, cada estrela,
partícula, pedaço ou hemisfério
realça a sua sombra à luz de vela
dissimulando assim o seu mistério.
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