A JANGADA
       
              Farias Brito
      Ei-la solta no mar ligeiro esvoaçando, 
      como um vasto lençol 
      para as nuvens azuis sublime levantando 
      as asas colossais, brilhantes como o Sol. 
       

      Tornou-se uma legenda. Adoro-te, jangada. 
      És um poema de amor na luta encarniçada 
      contra o vil interesse e negra tirania, 
      — nesse drama imortal de glória e de agonia, 
      em que foi sufocada a voz do despotismo, 
      e foi desfeito o mal e foi transposto o abismo 
      da negra escravidão. 
       

      Emblema do progresso, águia da multidão, 
      foste o canto ideal da nova marselhesa 
      que fez brotar o bem. Tiveste a realeza 
      das cousas imortais, 
      cheias da grande luz dos grandes ideais, 
      que fazem renovar-se o coração humano, 
      sentindo da verdade o influxo soberano. 
      Foste da liberdade a página dourada, 
      branca filha do mar, celestial jangada. 
       


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