Paulo Medeiros e Albuquerque

Poesia à Vista
 
 
            A característica "participacionista" na  poesia de Álvaro Pacheco é, ainda, ressaltada por Wilson Martins que a classifica de "realista e amarga, que não recua de um bom palavrão bem colocado, mas que nos diz, acima de tudo da imensa tristeza que é viver, sabendo que a vida é uma coisa transitória".

            Para o conhecido crítico literário, Eugênio Gomes, a poesia de Álvaro Pacheco deixa entrever uma fascinante vibratibilidade reflete geralmente incongruências do mundo moderno.

            D.H. Lawrence que, como se sabe, foi precursor dos chamados poetas apocalípticos ingleses, já dizia que a incongruência é o meio de  que o homem moderno se serve para atestar o caos e, deliberadamente, explorava as virtualidades de "the immediate present".  Um dos seus críticos foi, por isso mesmo, induzido a concluir, para justificá-lo, que "the greatest poetry is nobly dishevelled".  A Força Humana comprovou o acerto daquele postulado crítico.  … frenética a palpitação um tônus individual que os torna inconfundíveis.  E, em conseqüência, após a leitura de A Força Humana, honestamente, ninguém poderá negar ao autor o traço excepcional de uma forte originalidade, é um POETA.  Em caixa alta, sim.

            Para Fernando Namora trata-se de uma poesia "de hábil equilíbrio, todo vindo de dentro, entre uma herança poética de harmonias comunicativas e uma nunca gratuita aventura da palavra".

            Mauro Mota no Diário de Pernambuco, em 1973 diz: "à estrutura poemática, Álvaro Pacheco, situa-se no conceito de Fernando Pessoa sobre a "emoção verdadeira", que, pelas cargas afetivas, poderia conduzir a uma expressão antipoética e elidir a poesia..  Ao contrário da refração, que pode conduzir a um nível de obra de arte, no condicionamento à intuição do artista, que, na poesia, se torna absolutamente predominante porque estamos face a uma intuição com a qual entramos no império noturno da atividade primitiva do intelecto, muito além de conceitos e da lógica".

            E continua:

            "… um poeta que construiu um território privado, sem qualquer similitude com qualquer outro, sem compromissos com as manifestações de clã.  Um poeta dos mais importantes do nosso tempo brasileiro, não só na sua geração de tão verdes anos, Poeta de hoje e de amanhã"

                              
                                                                                                                     in “CORREIO DA MANHÃ"
                                

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 Página editada  por  Alisson de Castro,  Jornal de Poesia,  13  de  Julho  de  1998