Fernando José dos Santos Oliveira

Fernando Oliveira - malba@tba.com.br

A Meu Pai

O silêncio respeitoso O dia lento, leve, moroso Uma água quente que passa e vai. Só agora, agorinha mesmo, A mente volta - e lembra - do andar a esmo: faz 5 anos perdi(?) meu pai. Perdi? Por que então o tenho? Por que na vida me embrenho como se o medo não incomodasse? Por que o sinto tão perto agora? Por que não sinto que foi embora? Por que doces lágrimas na face? Como sua presença me é calma! Quão bem me faz à alma tê-lo, assim, no coração! Como queria agradecer O homem que sou, e não chegou a ver, Como queria beijar sua mão! Como queria falar-lhe tanto Como queria secar meu pranto ouvir silêncio, fugir do barulho. Como queria me visse agora: o homem forte que ri e chora, como queria o seu orgulho! Tantas vezes o tive aqui: quando chorei, amei, sofri; Tantas vezes o vi presente. Sempre que, caído, chorei; sempre que, sorrindo, amei; sempre senti seu toque quente. Alguém doce, e forte, e rude - meu Deus, como não pude sentir-lhe isso enquanto perto! Era alguém que amou profundo a nós: sua vida, sua luta, seu mundo abraços largos, peito aberto. Não por saudade lágrimas vêm; Por que por feliz se chora também; porque minh'alma revê-lo espera. Até lá só me resta honrá-lo e minha forma de amá-lo é tentar ser o que ele era.


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