Fernando José dos Santos Oliveira

Fernando Oliveira - malba@tba.com.br

Contigo Aprendi

Pingo de orvalho, no que escorres da flor pendes qual lágrima - tristeza ou dor - veja o que vejo: não é bem assim! Ouça, escuta, o que bem me dizes Tu és forma de amor, de outras matizes. Ouça agora o que dizes a mim. Quando a deixas, deixas doce parte e o fazes com graça: és sábio; és arte te deixas um pouco: beijo molhado. A parte de ti que ao abismo se lança é sorrindo, é brincando, qual feito criança, feliz por fazeres o de ti esperado. Não vês? Não sentes? Tua queda importante? Não percebes o destino - só dado ao amante do amor da amada que pensas deixar? É que tu cais na terra, e a molha, fertiliza se sofres, escuta, tua dor ameniza: é amor o que fazes: em alimento se dar. Ouço tua queda. Não é para o chão Cais mas não o fazes, acredita, em vão, pois que voltas à musa. Que mais? Não vejo! O beijo que deixas, o pulo que saltas, a dor que sentes, o ar que te falta... Não vês? É de nós o mais forte desejo! Voltar e voltar e voltar e voltar voltar à amada. Sempre e sempre voltar Que mais doce sina podias querer? Assim como tu, eu amo sofrendo Outra forma de amar: não quero ou entendo; Quero beijar, chorar, cair, volver. Se não percebeste, querido orvalho, Que abriste em mim um caminho, um atalho, Para o que sinto e não conseguia dizer. Permita-me, então, louvar tua "dor" foi ela que me ensinou que o amor parece lágrima, mas é vida, renascer.


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