Francisco José Rodrigues
Primavera Interior
O tempo que aí vai não é o mesmo tempo
Que no fundo abissal desta minha alma mora.
Se outono e inverno passam, velhos, lá por fora,
Aqui dentro em minha alma habita a primavera.
Estou sempre a sorrir enquanto os outros choram
E estou sempre a chorar quando riem dos outros.
Assim, o tempo fora não é o mesmo tempo
Que no fundo abissal desta minha alma mora.
Mas quando é primavera lá fora, também
Se torna primavera cá dentro em minha alma,
Pois que dentro em minha alma a primavera habita,
Embora que nem sempre possa despontar
O seu perene verde, pois que os maus olhados
Queimariam vigores que me minha alma existem.
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