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Flávio César Andrade de Freitas


 

Os 18 anos de Mulheres Emergenpes, resplendentes!

 

A história da literatura se alterna entre os passos de Tânia Diniz e seu/nosso “Mulheres Emergenpes”, o sensual em cartaz. A compreensão que temos de tudo isto é de uma luta incansável, sempre em busca da estética visível e invisível. Ao abrir seu espaço, a poetisa cria também o de novos autores, amplia o dos já consagrados e se torna fonte de pesquisa para estudiosos e/ou curiosos. E prima pelo discurso feminino que “se situa mais além, (...) que estará certamente nas palavras que fazem da pétala do coral a matéria erótica da poesia. E que nos falam de um estranho amor, capaz de lavar a alma. Ou a vulva”, segundo Lúcia Castello Branco no editorial do nº zero.

O ME, como o chama a editora, nasceu em 1989, em berço de grandes batalhas. O formato original, e belos layouts, tornou-o emoldurados quadros em tantas paredes ou deixa-o colado em murais ou vitrines, por exemplo.O nome inspirado no livro de uma psicóloga americana, indicava a princípio, a pretensão de agregar apenas mulheres, guerreiras como Tânia, que se colocavam com coragem no mundo, reivindicando seu direito à dicção própria em meio aos preconceitos.

Mas a surpreendente adesão masculina ao projeto, desde o primeiro número, clareou o desejo da muito feminina poeta de “caminhar ao lado e não, contra”, que passou a publicá-los também. A poeta deixa de lado os seus para evidenciar os versos de outros, no nome maior da Poesia: antes de reunir patrocínios para seus próprios livros, usa-os para editar o jornal com trabalhos alheios. A publicação trimestral circula pelos muitos mundos: geográfico, acadêmico, leigo, dos sonhos. Seus caminhos, durante todos esses anos, foram marcados por vitórias. Estudado, ou em exposições, em faculdades e outras escolas, do Brasil e do exterior, realizando concursos internacionais de poesia, promovendo manifestações culturais, recebendo colaborações dos poetas que desejam participar, noticiado por onde anda, o jornal é veículo de permanente divulgação. Atrai amigos e admiradores. E como já dizia Affonso Romano de Santa’Anna em 1994, na orelha do livro Prêmio – resultado do 1º Concurso Internacional ME - “Sozinha, Tânia faz um movimento nacional e internacional de dar inveja (...) vem realizando, mantendo o nome de Belo Horizonte no mapa da produção poética”.

A cada edição, pressinto suas dificuldades, sua busca constante nos poderes públicos e privados por uma ajuda que nem sempre acontece. Mas, para a poeta apaixonada, sinto que isso é motivo de orgulho e de maiores forças. Esses olhos de verde profundo, que brilham sempre no reflexo dos lindos versos de sua alma, se tornam ainda mais reluzentes e fortes e partem para frente. Ela e “as mil mulheres dentro dela”, como diz, seguem no garimpo do Belo, vencendo as adversidades de toda sorte . A luta de Tânia deveria ser reconhecida, sua vontade premiada, condecorada em meio às constelações de sua poesia. Sinto nela a força e o caráter brilhante da vontade humana, do desejo de exprimir sentimentos, de crescer junto aos seus iguais e de se colocar no andaime superior da vida, iluminando a senda dos que vêm.Adolescente feliz, “Mulheres Emergenpes” se prepara para a maioridade.
Por tudo, Tânia, parabéns.

 


Leia Tânia Diniz

 

 

 

 

 

 

08.11.2006