Fausto Nilo
João José Menescal de Oliveira Saldanha - jjsald@geo.com.br
Marinheiras
Quando for de tardezinha
Minha companheira
Na beira do rio,
Lá nas marinheiras,
Meus olhos vazios
Vão te espiar.
Lembra da lua saindo
Por trás da palmeira?
O rio é profundo
E a dor, traiçoeira,
Tem dedos macios
Pra me pentear.
Nunca matei passarinho
Este é o meu segredo,
Que a água do rio
Não pode escutar.
Viver sem carinho
Me mata de medo;
Eu sei que outro bicho
Vai te cobiçar.
Se a tua beleza
Adormece mais cedo,
Eu durmo com medo
De nunca acordar,
Pois os teus cabelos
Me escorrem entre
Os dedos, e a água do rio
Vai te carregar...
Acho que foi num domingo,
Foi no derradeiro,
Que senti no cheiro
Nascer meu penar,
Um cego menino
Veio me contar.
Trazendo a felicidade
Chegou um veleiro,
Com as cores mais lindas
Deste mundo inteiro,
Lá do meu terreiro
Eu pude avistar.
Uma formosa senhora
De olhar estrangeiro,
Que o meu "Sete Estrelo"*
Pretende ofuscar,
Que luz irradia,
Arde o seu cabelo
Como um pesadelo
À me condenar.
Mudaram meu nome...
Cortaram minha veia...
E eu durmo com medo
De nunca acordar,
Pois os teus cabelos
Me escorrem entre os dedos,
E a água do rio,
Vai te carregar...
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