Francisco Otaviano


Soneto

Morrer, dormir, não mais: termina a vida E com ela terminam nossas dores, Um punhado de terra, algumas flores, E às vezes uma lágrima fingida! Sim, minha morte não será sentida, Não deixo amigos e nem tive amores! Ou se os tive mostraram-se traidores, Algozes vis de uma alma consumida. Tudo é pobre no mundo; que me importa Que ele amanhã se esb'roe e que desabe, Se a natureza para mim está morta! É tempo já que o meu exílio acabe; Vem, pois, ó morte, ao nada me transporta Morrer, dormir, talvez sonhar, quem sabe?


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