O que nós vemos das cousas são
as cousas.
Por que veríamos nós uma
cousa se houvesse outra?
Por que é que ver e ouvir seria
iludirmo-nos
Se ver e ouvir são ver e ouvir?
O essencial é saber ver,
Saber ver sem estar a pensar,
Saber ver quando se vê,
E nem pensar quando se vê
Nem ver quando se pensa.
Mas isso (tristes de nós que trazemos
a alma vestida!),
Isso exige um estudo profundo,
Uma aprendizagem de desaprender
E uma seqüestração na
liberdade daquele convento
De que os poetas dizem que as estrelas
são as freiras eternas
E as flores as penitentes convictas de
um só dia,
Mas onde afinal as estrelas não
são senão estrelas
Nem as flores senão flores.
Sendo por isso que lhes chamamos estrelas
e flores. |