Ricardo Reis
Sofro, Lídia
 
Sofro, Lídia, do medo do destino. 
A leve pedra que um momento ergue 
As lisas rodas do meu carro, aterra 
        Meu coração.

Tudo quanto me ameace de mudar-me 
Para melhor que seja, odeio e fujo. 
Deixem-me os deuses minha vida sempre 
        Sem renovar

Meus dias, mas que um passe e outro passe 
Ficando eu sempre quase o mesmo, indo 
Para a velhice como um dia entra 
        No anoitecer.

 
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