Ricardo Reis
Tuas, Não Minhas
 
 
Tuas, não minhas, teço estas grinaldas,  
Que em minha fronte renovadas ponho. 
Para mim tece as tuas, 
Que as minhas eu não vejo. 
Se não pesar na vida melhor gozo 
Que o vermo-nos, vejamo-nos, e, vendo, 
Surdos conciliemos 
O insubsistente surdo. 
Coroemo-nos pois uns para os outros,  
E brindemos uníssonos à sorte 
Que houver, até que chegue  
A hora do barqueiro.
 
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