Fernando Pessoa

Adagas Cujas Jóias Velhas Galas
 
Adagas cujas jóias velhas galas...
Opalesci amar-me entre mãos raras, 
E fluido a febres entre um lembrar de aras, 
O convés sem ninguém cheio de malas...

O íntimo silêncio das opalas
Conduz orientes até jóias caras,
E o meu anseio vai nas rotas claras
De um grande sonho cheio de ócio e salas...

Passa o cortejo imperial, e ao longe 
O povo só pelo cessar das lanças
Sabe que passa o seu tirano, e estruge

Sua ovação, e erguem as crianças
Mas o teclado as tuas mãos pararam
E indefinidamente repousaram...
 
 
 

 Remetente : Angela Campanha 
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