Tão ABSTRATA é
a idéia do teu ser
Que me vem de te olhar,
que, ao entreter
Os meus olhos nos teus,
perco-os de vista,
E nada fica em meu olhar,
e dista
Teu corpo do meu ver
tão longemente,
E a idéia do teu
ser fica tão rente
Ao meu pensar olhar-te,
e ao saber-me
Sabendo que tu és,
que, só por ter-me
Consciente de ti, nem
a mim sinto.
E assim, neste ignorar-me
a ver-te, minto
A ilusão da sensação,
e sonho,
Não te vendo,
nem vendo, nem sabendo
Que te vejo, ou sequer
que sou, risonho
Do interior crepúsculo
tristonho
Em que sinto que sonho
o que me sinto sendo.
12-1911
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