ANTES O VÔO  da ave, que  passa e não deixa
rasto,
 Que a passagem do animal, que fica lembrada no chão.
 A ave passa e esquece, e assim deve ser.
 O animal, onde já não está e por isso de nada
serve,
 Mostra que já esteve, o que não serve para nada
A recordação é uma traição à
Natureza,
 Porque a Natureza de ontem não é Natureza.
 O que foi não é nada, e lembrar é não
ver.
 Passa, ave, passa, e ensina-me a passar!
    |