A PARTE do indolente é a abstrata vida. 
 Quem não emprega o esforço em conseguir, 
 Mas o deixa ficar, deixa dormir, 
 O deixa sem futuro e sem guarida, 
Que mais haurir pode da morta lida, 
 Da sentida vaidade de seguir 
 Um caminho, da inércia de sentir, 
 Do extinto fogo e da visão perdida,  
 Senão a calma aquiescência em ter 
 No sangue entregue, e pelo corpo todo 
 A consciência de nada qu'rer nem ser, 
 A intervisão das coisas atingíveis, 
 E o renunciá-las, como um lindo modo 
 Das mãos que a palidez torna impassíveis. 
  
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