Andei léguas de sombra
 Dentro em meu pensamento.
 Floresceu às avessas
 Meu ócio com sem-nexo,
 E apagaram-se as lâmpadas
 Na alcova cambaleante.
Tudo prestes se volve
 Um deserto macio
 Visto pelo meu tato
 Dos veludos da alcova,
 Não pela minha vista.
 Há um oásis no Incerto
 E, como uma suspeita
 De luz por não-há-frinchas,
 Passa uma caravana.
 Esquece-me de súbito
 Como é o espaço, e o tempo
 Em vez de horizontal
 É vertical.
               
A alcova
 Desce não se por onde
 Até não me encontrar.
 Ascende um leve fumo
 Das minhas sensações.
 Deixo de me incluir
 Dentro de mim. Não há
 Cá-dentro nem lá-fora.
 E o deserto está agora
 Virado para baixo. 
 A noção de mover-me
 Esqueceu-se do meu nome.
 Na alma meu corpo pesa-me.
 Sinto-me um reposteiro
 Pendurado na sala
 Onde jaz alguém morto.
 Qualquer coisa caiu
 E tiniu no infinito.
    |