Felipe Sampaio


Duas Faces

Morri duas vezes. Duas faces desiguais. Estranho... Eu que procurei-as. O primeiro rosto era lindo, Singelamente único e terno. Engraçado... Um rosto que tinha tudo Para me dar a vida, Uma nova vida. Mas me negou, Me magoou, Me matou. Senti ali o fardo melancólico De ser reduzido Ao mais ínfimo ser. "Formigas, levem-me!" Fujo, Atravesso a porta E escolho um segundo rosto. Basta um. Encho-me de coragem. A morte vem a 4 rodas. Um rosto agora desconhecido, Inocente e amedrontado Que passa por cima de mim E compreensivelmente foje. Esquisito... Agora ele é quem foge, Enquanto ali eu fico Mais uma vez Sentido um peso Em minhas costas, Enquanto espero que o primeiro rosto, Terrivelmente belo, Vá até a mim E ao menos chore. 01/06/97


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