Com licença, minha princesa,
por gentileza,
concentre seu olhar distante
suavemente
sobre mim por apenas um instante.
Veja, meu objeto sacro
de desejo,
o oportuno ensejo
para que possamos amar
bestialmente,
e nos unir,
simbolicamente,
sobre este improvisado altar:
a mesa do bar.
Não se impressionou?
Não funcionou...
Tudo bem, meu bem,
meu desencanto, meu pranto,
minha pétala
à deriva,
fico quieto em meu naufrágio,
meu eterno estágio
incompleto
de satisfação.
Mas por favor, meu coração,
meu anelo, meu feto
de idealização,
cutelo das fibras da razão,
imploro ao menos pela carícia
da sua cotidiana percepção.
Quem sabe um dia,
minha foz, meu algoz,
você muda de opinião.
E com um beijo apenas
termine minha corrida
sem fim, na contramão,
pelo deleite da ferida
da paixão...
|