Gabriel Alves Dias
UM
PEQUENO BLOCO DE POEMAS:
1.
Beleza Parnaibana
Nas
ruas de Santana de Parnaíba,
Onde a beleza se revela em cada esquina,
Mulheres negras, força e poesia,
Brilham na luta por seu destino.
No caos
urbano, buscam liberdade,
Entre o concreto, semeiam igualdade,
Cantam suas histórias com coragem,
Desafiando o preconceito com vontade.
Negras
rainhas, em sua pele a herança,
De ancestrais que resistiram à bonança,
Com graça e dignidade, seguem adiante,
Na busca por justiça, firmes como um estandarte.
Em
Santana de Parnaíba, berço de cultura,
Negras mulheres, semeiam a ternura,
Elevam suas vozes em cada batalha,
Pela beleza negra, que o mundo exalta.
2.
Papo furado
Papo
sem sentido, sem razão,
Distancia o amor, traz a solidão.
Jogos de palavras, de futilidade,
O tédio vem, é a realidade.
Monotonia como uma carapaça,
Discursos vazios, sem graça.
Na tediosa festa, sem alegria,
O vazio prevalece, a energia se esvazia.
Desleixada brincadeira, sem cor,
Conversa banal, sem valor.
Do mundo insípido, este é o retrato,
Um ciclo sem fim, um falso contrato.
3. A
morte da Arte e dos Desejos
Na tela
abstrata do vazio, a morte baila,
Entre linhas tortas e formas sem forma.
A arte agoniza em sua prisão silenciosa,
Ecoando o suspiro dos desejos desfeitos.
O pincel já não dança com a paixão do criador,
E as cores se esvaem em tons de melancolia.
Onde estão os sonhos que outrora floresciam,
Nos jardins da imaginação, agora desertos?
A morte da arte é um lamento silencioso,
Um murmúrio perdido nas sombras do esquecimento.
Os desejos se desfazem como fumaça ao vento,
Enredados na teia da indiferença e da resignação.
Mas ainda há uma faísca, um lampejo de esperança,
Nas entranhas do universo criativo, pulsando.
Que a morte da arte seja apenas um prelúdio,
Para o renascimento dos desejos e da beleza.
Na desolação dos dias mornos, onde a arte agoniza,
Os desejos, outrora fervilhantes, tombam inertes.
Como lágrimas de tinta em tela esmaecida,
A morte da expressão ecoa nas almas despertas.
Emaranhados em teias de indiferença,
Os traços da beleza desvanecem no ar.
Nas galerias vazias, o eco do silêncio,
Sussurra a tristeza de um mundo a esmorecer.
Onde outrora dançavam sonhos e cores,
Hoje repousa um cenário sem vida, sem calor.
A poesia jaz nas entrelinhas esquecidas,
E o pulsar dos corações é um murmúrio sem vigor.
Oh, morte da arte, és tu um destino inevitável?
Ou apenas um capítulo obscuro a se encerrar?
Nas margens do tempo, ainda há quem lute,
Por resgatar a chama, por fazer a luz brilhar.
Que o desejo seja a voz da resistência,
Que em cada traço, em cada verso, haja vida.
Pois na morte da arte e dos desejos,
Renascem as sementes de uma nova aurora florescida.
4.
Ars Panaibana II
No pulsar das ruas de Santana,
Onde o sol acaricia as almas,
Nasce uma poesia que se expande,
Entre coas e sonhos que se entrelaçam.
Na luta pela arte, bravos corações,
Desafiam a sombra da indiferença,
Com pincéis e palavras, em união,
Despertam a luz da criatividade que se avança.
Contra a pobreza, erguem-se os poetas,
Em versos que são gritos de igualdade,
Denunciando injustiças, teias secretas,
Promovendo a esperança com sinceridade.
E na senda da educação libertadora,
Santana de Parnaíba se eleva,
Professores e alunos em uma só ardora,
Buscam nas letras a chave que relva.
Pelos caminhos ancestrais da cultura,
Desbravam-se trilhas de sabedoria,
Onde o conhecimento, em sua altura,
Rompe grilhões, liberta em alegorias.
Que em Santana de Parnaíba, a cada dia,
A luta pela arte e pela educação,
Seja um hino que nunca se esvazia,
Numa sinfonia de transformação.
5.
Um elegia triste ao rio Tietê
in memoriam
Nas águas turvas do Tietê, ecoa o pranto,
Um lamento surdo, eco de um tempo ido,
O rio, outrora vivo, agora é desencanto.
As margens, testemunhas do descaso sofrido,
Cenário de esquecimento, de dor e agonia,
A vida que sucumbe, o destino perdido.
Ó Tietê, tão nobre outrora, hoje sombra sombria,
Teu leito outrora límpido, agora leva o fardo
De anos de negligência, de uma história sombria.
Que triste sina, ó rio, agora tão maltratado,
Teu destino entrelaçado com a indiferença humana,
Ergo minha voz em lamento, teu sofrimento é
legado.
Que voltem os dias de glória, oh rio, soberana,
Que tuas águas sejam puras, teu curso
restabelecido,
Em cada verso, uma prece, uma esperança emana.
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