Gilberto Avelino

Na Piscina
                  
 
Aquém do mar,  
a piscina 
de águas azuis. 

As sombras,  
os ventos,  
as mesas,  
brancas, 

circulando 
a piscina. 

A suavidade 
da água de cocos. 
Ou o doce e fino 
sabor 
da água das fontes,  

após 
comer-se 
a leve gordura dos cascos,  
a clara carne 
das patas 
dos vermelhos 
caranguejos cozidos. 

Ainda,  
a carne seca,  
assada nas brasas,  
flamejando. 

Em copos de cristal,  
a tênue espuma 
do vinho 
branco 
ou tinto,  

com verdes-azeitonas 
boiando. 

Enterneciam a manhã 
os blues 
de Louis Armstrong. 

Aquém do mar,  
a piscina 
de águas azuis. 

De repente 
vinhas,  
a davas ao corpo 
a carícia das águas. 

Com o exíguo vestir,  
em relevo expunhas 
ao sol 

o viço 
da inapagável beleza 
do teu corpo. 

E do olhar 
nasciam-me 
salsas enlaçantes. 

Não te esqueças,  
portanto,  
girassol de dezembro,  

de que sempre volto 
a ver 
o azul dessas águas.

                                                                           

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 Página atualizada  por  Alisson de Castro,  Jornal de Poesia,  31  de Março de 1998