Águas leves de gamboa,
que tristemente cantais,
por que vos impacientais,
se de sol vos vestis,
e se vos coroais
de brancas rosas de sal?
Tendes o rio vizinho,
e mais distante
o mar amplo
em que vos renovais.
O que de mim esperais,
águas leves de gamboa?
Não vedes a face sangrando,
não ouvis a voz repartida
com a agonia do vento,
e só de mágoa acrescida?
- Soledade de cal isolada
da areia e do cimento,
ou de pássaro ausente
do primeiro azul da tarde.
Águas claras de gamboa,
que levemente ondulais,
compartilho convosco
dos murmúrios que cantais. |