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29.06.2002

O Álvaro de Pessoa

Poesia de Álvaro de Campos, de Fernando Pessoa. Companhia das Letras, 600 páginas. R$ 43


Fernando Antônio Nogueira Pessoa nasceu em Lisboa, a 13 de junho de 1888. No decorrer da vida, escolheu empregos de meio período, com renda módica. Dedicava a outra metade do seu tempo à poesia, atividade em que se tornou conhecido como Fernando Pessoa — ou melhor, Fernando Pessoa Ele Mesmo. O estranho acréscimo no sobrenome se justificava porque Pessoa, alternando-se entre os cafés lisboetas e o isolamento radical, esmerou-se em criar não apenas alguns dos melhores poemas da literatura ocidental, como alguns dos melhores poetas dessa mesma literatura.

A tendência para ser outro, para outrar-se, como dizia, fez de Fernando Pessoa criador e administrador de “eus” —- foram mais de 70 ao longo de vida não muito longa (morreu em 1935). Se na literatura são comuns pseudônimos, seu caso é único, porque criou heterônimos: poetas-personagens, com estilos próprios, portadores de biografias distintas.

Álvaro de Campos foi o seu heterônimo mais escandaloso e febril. Influenciado pelo futurismo italiano, o engenheiro Campos cantava o fascínio moderno pelas máquinas e pela ciência, mas sem deixar de associar esse fascínio à dimensão trágica da existência humana: “O binômio de Newton é tão belo como a Vênus de Milo. O que há é pouca gente para dar por isso”. A edição brasileira de “Poesia de Álvaro de Campos” reúne a produção completa deste poeta que, não tendo existido, no entanto “viveu” tão intensamente — porque, como diz um dos seus versos, “a recompensa de não existir é estar sempre presente”.

O volume, organizado por Teresa Rita Lopes, segue as indicações do próprio Fernando Pessoa, que havia previsto um livro apenas com os poemas de Álvaro de Campos. Teresa lembra que a 1 edição da obra completa de Pessoa surgiu em 1944, nove anos após a morte do poeta, através da editora portuguesa Ática, organizada por João Gaspar Simões e Luís de Montalvor. Em 1960, a editora Aguilar, do Brasil, lançou nova obra, supostamente mais completa, coordenada por Maria Aliete Galhoz. As edições posteriores repetiriam, até 1990, ou a Ática ou a Aguilar. A partir dessa data descobrem-se novos fundos falsos na arca de Fernando Pessoa, provocando diversas edições críticas, no Brasil e em Portugal, que divergem entre si em determinados poemas ou versos, acréscimos ou correções. Teresa Lopes critica explicitamente uma dessas edições críticas, a de Cleonice Berardinelli, por “mestre-escolarmente” procurar “corrigir” o que seriam falhas do poeta, além de algumas omissões e adulterações de versos.

Mas esse debate entre filólogos pouco interessa ao leitor como o somos, embora nos beneficiemos não pouco do inestimável trabalho tanto de Cleonice quanto de Teresa. Resta-nos, na verdade, a oportunidade imperdível de redescobrir a febre poética de Álvaro de Campos. Bernardo Soares, o heterônimo romancista, no parágrafo 117 do “Livro do desassossego” já determinara que “toda a literatura consiste num esforço para tornar a vida real”. Todos deveriam saber que a vida é que é absolutamente irreal: “Os campos, as cidades, as idéias, são coisas absolutamente fictícias, filhas da nossa complexa sensação de nós mesmos”.

 

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