Guilhermino César


Campeiro de Minas Gerais

Campeiro mulato de sol Você que dormiu sem medo de bruxos, sacís-pererês botando a cabeça fervendo de amores no couro estendido... Você não ouve ali perto de dia de noite a barulheira da boca da mina? São filhos da nossa terra também. Largaram a boiada no morro serenatas nas ruas familiares e foram pra noite de ferros tinindo procurar a lua de metal escondida nas montanhas duras saltando depois nos cadinhos... Você não está ouvindo o ruído dos pilões na baixada triturando a pedra que vem do fundo nos vagonetes ligeiros ? E aquele suor que os companheiros estão suando... A gente pensa que é sangue mineiro campeiro! Eles deixaram a casa sonhando riqueza e agora estão magros e feios. Como você dorme bem cansado das lidas campeiras. Eles nem podem dormir sossegados: a mina não fica sozinha um momento. Mineiros que saem mineiros que vêm as máquinas sempre rodando. Campeiro queimado de sol vai ver o trabalho dos seus companheiros nas galerias de ar frio na noite constante! Mineiro das minhas Gerais você não acorda? Vai ver o trabalho dos outros mineiros dos mineiros-mineiros enterrados na mina ouvindo os patrões em fala estrangeira.


* * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * *