Nesta noite, em você,
busco aconchego.
Evoco o sussurro do mar patagônico
sentia-me, então, Leviatã de todos os mares.
O vento gélido da Cordilheira
produzia um frêmito de prazer e desafio;
nossas mãos em copa recolhiam
o frescor das águas do Urubamba.
Ah! eu dedilhava com meus medos
todos os meus dedos,
o teclado de um corpo oferecido
no leito de uma floresta engalanada.
A passarada, o rugir das onças e jaguatiricas,
os barulhos do Xingu,
ecoavam no silêncio do Vale Inca,
e quando nossos dedos se trançaram
no retorno a Cuzco iluminada
já não havia medos nem receios
éramos deuses, astronautas ...
Mas hoje,
tantas luas passadas, páginas viradas,
lutas e lutas travadas, avanços, recuos,
três filhos criados,
nem deuses, nem astronautas,
busco cheio de dedos,
em você mulher amada
só aconchego. |