Gabriela Cunha Melo Cavalcanti


Liberta

Num tempo enchuvarado
de ritmos martelados
procurei a organização
como meio de inspiração.
Quis dar à vida a rigidez
formal da técnica requintada
negando a liberdade revolucionária,
rebelde, burguesa, pouco prática.
Do que me adiantaria, servir-me da
palavra, fazê-la objeto autônomo,
cultuá-la como beleza; serena
e equilibrada ? !
P’ra que saber do Parnasso
aliás, ja diria Olavo :
"Nem sei se as pedras podem viver sem alma"
Em nome do que, esta impassibilidade,
essa frieza em favor da objetividade ?
seremos mais felizes metrificados ?
Assim feito robôs, já programados ?
Sou, antes, avessa às regras, liberta
de mim mesma, escrava do sangue,
dos nervos de alguém.


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