Gonzaga Leão


Soneto de Mar e vôo quase pássaro

Possuis provavelmente repetido da ave o vôo nas mãos e nos cabelos; nos teus lábios maduros e vermelhos há certamente um pássaro ferido que se refaz, de vôo prometido; são de asas silenciosas teus artelhos: e há também um mar que em teus joelhos repousa, um mar na cor do teu vestido transparente, finíssimo, de gaze, quase desfeito ao vento, voando quase: um mar pousado em ti, calado e breve. Digo eu que sei que me perdi no mar que em ti descansa e que aprendi a voar sem consequências com teu corpo leve.


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