Todo
dia aparece um versejador novo na praça editando ou procurando editar
o seu livro. Parece-me ser a Renascença pelo avesso. Porque são
poucas as obras que tocam a sensibilidade da gente cearense. O pior de
tudo é que esses versejadores de poemas de pé quebrado têm
consumido laudas e mais laudas de papel, sem as suas ramas e rimas justificarem
o madeiral abatido de nossas florestas, para se transformar em folhas brancas. |
Gervásio,
is't'rudia (isto, outro dia), como dizemos lá nas nossas brenhas,
os editores da Xilo desceram a ripa em você. Imediata e gratuitamente,
tomei as dores e o defendi, embora discordasse de suas colocações
sobre o projeto cultural daquela revista. Você ajudou a matá-la
no nascedouro, mero número 1 que não foi à frente.
Desta
vez, com sua licença, vou-lhe descer, eu mesmo, a ripa — não
sei se os xilos defendê-lo-ão. Se sim, se não, tanto
faz; melhor que sim, pior que não. Agora, você é réu
de um bom cipó-de-boi, e lá se vai:
Gervásio,
veja o que você escreveu:
"Todo dia aparece
um versejador novo..."
Quem,
Gervásio, esse "versejador" que você não nomina? Deixa-o
ao portador por quê?
Melhor que dissesse: é fulano, é sicrano!
Porque do jeito que faz, comodamente acusando "ao portador" é o
mesmo que acusar a todos, anonimamente, em pura falta de topete. Seria
o Fracisco Carvalho, o Luciano Maia, o Alcides Pinto, eu, o Adriano Espínola,
o Floriano, o nosso Príncipe Artur, o Márcio Catunda, o Ruy
Câmara, o Tufic?
Quem, Gervásio, esses verjadores diários? Escrevem no Diário?
É o Carlos Augusto Viana? Você endoidou, Gervásio?
Gervásio, os cabras da Xilo disseram que você era um jornalista
da fronteira do Piauí, o que também me atingiu porque eu
sou. Aproveito a deixa para dizer que um cabra da fronteira não
tem o destope de escrever um artigo xucro, chocho e choco como esse que
você fez. Nele, no artigo você é o maioral, o ferrabraz,
um Zeus enfurecido, soltando raios a torto e a direito — porque acusa a
todos; e...é nada — não acusa ninguém. Tudo mui comodamente,
à imprensa velha, como se fosse.
Começo a desconfiar que, se você andou dizendo que é
de lá da fronteira, não é não. Se fosse, teria
dado os nomes, como eu vou dar agora: anote aí, por seu favor. E,
antes de anotar, por favor preste atenção: os cabras do centro
— onde é o centro? no Quixadá, no Quixeramobim? — também
não; muito menos os do litoral, que praianos sejam mas não
frouxos.
Relação
dos críticos destopetados,
isto é, sem nenhum
topete:
-
Gervásio de Paula, porque
acusa ao portador.
-
Qualquer outro que escreva sobre
cobras, sem pau nem cobra.
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