Dois Beija-flores, de asas rutilantes,
No mesmo ramo em que seu berço esteve,
Do sol teceram, aos raios iriantes,
Formoso ninho pequenino e leve.
E delicados, meigos, indecisos,
Se consultaram, como nós fazemos,
Quando, entre beijos, preces e sorrisos
Pergunta-o amor si o ninho já tecemos.
Disse o primeiro: “ Me aborrece o prado !
Tem muita relva, mas contém abrolhos ... ”
(Como a criança e como o namorado
Os beija-flores falam pelo olhos)
Disse o segundo: “ Bem pertinho .. ali ...
Há muito silfo e muita violetas:
Tem mariposas! Por signal que vi,
Só numa rosa, quatro borboletas !
Depressa, vamos ao pomar de Bertha ...!
E erguem o vôo, trêfego, sereno;
Mas, vendo Branca que, a sorrir desperta:
“ Olha ! uma fruta ! ” chilra o mais pequeno...
- “ Fruta com braços ! Quem te disse isto ?
Pois é tão louco o teu simar, tão louco,
Que não se lembra do menino Cristo ?
Aquela é Branca e batizou-se há pouco.”
E mal retiro o berço perfumado,
Feito da alvura de cheirosos linhos,
Heis outro berço logo pendurado ...
Bem invejosos são os passarinhos ! |