O invisível
Sempre a invisibilidade esculpi
abstraindo da pedra a forma fácil
e, contra os sentidos, negando até
cada artifício em que me refletisse.
Olhar e tato, agentes do pensamento
de quem esculpe, dão acesso ao ser
que a escultura da matéria, pascento
ao longo da história, revelar quer.
Fiz de mim a não forma que no vácuo
entre golpe e golpe o escultor em dúvida
não perfaz nem cessa de acometer:
desta iminência veio à luz um sólido
de insuspeitável visibilidade,
um ser-de-ar que refuta o buril.
Remetente : Renato Rezende