Heitor P. Fróes

A Margem da Eleição de “Cacareco”
 
 
Episódio dos mais extraordinários 
alvoroça o Brasil, neste momento, 
diferindo, no entanto, os comentários 
que dão notícia do acontecimento. 

Se “Incitatus” subiu a Senador 
—  façanha insuperável que fez eco; 
se o “Cheiroso” foi quase vereador... 
porque negar o voto a “Cacareco”? 

Dos que se extremam contra a preferência 
não me parece justa a indignação; 
afinal, uma nova experiência 
é indício de pujança da Nação! 

Muita gente sustenta, com cinismo, 
que a grande votação evidencia 
uma vitória a mais do “feminismo”, 
e, ao mesmo tempo, da democracia... 

Mas para mim o fato estranho encerra 
ma atitude nobre e sobranceira, 
indicando que o povo desta terra 
já começa a emergir da pasmaceira: 

Hoje notamos, em cidades várias, 
que os eleitores, no passado inermes, 
já se não prestam mais, como alimárias, 
às injunções de certos “paquidermes”. 

O paulistano, outrora assás cordato, 
com perfeição completa já não sonha: 
aceita agora qualquer candidato 
que, ao menos, tenha um pouco de vergonha: 

E, num protesto irônico e formal, 
parece argumentar, baixando a fronte: 
bem pensado, animal por animal, 
antes votarmos... no rinoceronte!!

 
                                   
                                                                     
Remetente: Walter Cid

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 Página editada  por  Alisson de Castro,  Jornal de Poesia,  28  de  Maio  de  1998