Voz do amor,
Cheia de bonança
Nesse peito rude,
Quem me fez tão mansa?
Quem pintou a lua
Tua voz macia,
Doce murmúrio
De um longínquo rio?
Em que circo mudo
Essas asas fluidas
Pulam cordas bambas
Feitas de veludo?
Gosto de escutá-la
No meu quarto escuro,
Como o arrulho morno
De uma rola viuva.
Nem teus olhos de alga
Ou teu beijo surdo
Têm mais sortilégio
Que essa voz noturna.
Voz que nem a ausência,
Nem a eternidade
Emudecerá:
Ficará ressoando
Como numa concha
Fica a voz do mar. |