Humberto Silveira Fernandes

Protesto

Nas tardes do Alentejo que eu adoro, nas campinas de pasto sem amanho, o pastor ergue o seu cantar sonoro, e vai seguindo atrás de seu rebanho. Alguém chamou a um poeta estranho (a fama não lhe invejo mas deploro) rei das imagens — no sabor de antanho, pastor de rimas — no vibrar sonoro. Pois lendo embora as tuas obras-primas, rei das imagens e pastor de rimas, eu tenho sempre a firme convicção de quanto vale mais esse pastor, rei das campinas de silêncio e cor, que tu, pobre pastor duma ilusão!

(Coimbra, 1927)

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