Jornal de Poesia

 

 

 

 

 

 

Humberto Del Maestro


 

A ovelha e os chacais

 

Uma ovelhinha sonhadora, certa feita, passava despreocupada em frente a um sítio deserto, quando ouviu um ganir estranho que lhe chamou a atenção. Ao aproximar se de uma touceira, encontrou um ninho de chacais, onde quatro ferinhas indefesas uivavam de fome e frio.

“Sua mãezinha, com certeza, em busca de alimentos, fora apanhada por alguma armadilha e, sendo assim, aquela trupe de inocentes haveria de morrer à míngua.”

Expedita, apanha do chão os quatro orfãozinhos, levando os para o seu aprisco, dando lhes, durante muito tempo, de sua lã, do seu leite e do seu carinho.

Certo dia, retornando ao seu doce tugúrio, bem na entrada, deu com quatro ferozes dentuças que a esperavam pouco amigas, que já crescidas a puseram para fora do seu próprio lar.

A fim de preservar sua integridade física, partiu dali chorosa e ligeira a ovelhinha bondosa, com receio de ser devorada por aquele ninho de ingratidão.

Conceito: faça o bem, mas olhe a quem.
 

 

 

 

 

05.07.2005