Inácio Raposo


Tântalos

Não pode ter de certo os olhos sempre enxutos Quem sofre qual, no Erebo, o Tântalo maldito: Sedento — vê debalde um córrego infinito; Faminto — vê debalde os floridos produtos!... Ante um castigo tal, que apiedava os brutos, Leve talvez pareça um bárbaro delito!... Foge sempre a torrente ao mísero precito E, se tenta comer, escapam-se-lhe os frutos! Há Tântalos também na vida transitória: Querem estes a lympha e os pomos do talento, E morrem no hospital para viver na história. Desditosos que são... no malogrado intento!... Longe de haverem ganho os loiros da vitória, Encontram no sepulcro o eterno esquecimento!


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