Isabel Vilhena


Alma das Coisas

Olhando a serra, lá distante, E o sol que sobre a serra desce, Escuto nesse instante O pássaro feliz e as flores da campina, O arvoredo que vive sem saber Agasalhando a paz dos ninhos, Dizerem sua prece! E quando no horizonte o dia acorda, Na pompa da alvorada, À hora virginal do amanhecer, É para mim como se eu mesma visse O próprio Deus olhando para o mundo! Então, minha alma reza ajoelhada, Em silêncio profundo, A prece mais bonita que eu já disse E que a ninguém na terra eu vou dizer! Ao ver o rio deslizar sereno, Na sua vida plena de bonança, Nessa marcha saudosa de partida, Refletindo no espelho de águas mansas Um retalho do céu todo estrelado, Os ninhos e um pedaço da montanha, Eu o comparo àquele que, na vida, É bem feliz, porque o rio Sonha acordado... E sem saber que sonha!


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