Nunca me peças, meu divino arcanjo,
Que eu me esqueça do dia em que te vi!
Antes a morte a me encurtar a vida,
Se eu me esquecer
de ti!
E seja eu como o triste caminheiro,
Que errava pelos ermos de Engadi.
E eu mora nos desertos abrasados,
Se eu me esquecer
de ti!
Que a eterna maldição viva comigo
De toda a descendência de Davi!...
Pereçam meus amores nos ocasos,
Se eu me esquecer
de ti!
Que a triste tamareira do deserto
Abra-me os braços me prende a si
E seja meu sudário e minha campa,
Se eu me esquecer
de ti!
Que as caravanas, ao descer da Líbia,
Tristes, soturnas, ao passar, ali,
Não venham se abrigar à minha sombra
Se eu me
esquecer de ti!
Nunca me peças, pois, meu lindo arcanjo,
Que eu me esqueça do dia em que te vi!
Se eu de ti me esquecer, falte-me a vida,
Se eu me
esquecer de ti! |