João de Brito
Flor do Céu
Para Machado de Assis
Oh! flor do céu! oh! flor cândida e pura!*
Vejo-te textualmente, mesmo que somente na minha mente
Oh! flor do céu que ainda não saíste da candura!
Para germinar como uma pura e casta semente.
A desabrochar sob os raios solares
Que irão curá-la, fecundá-la veramente
Torná-la mais bela para todos os olhares
E tudo à tua volta irás embelezar naturalmente.
Oh! flor do céu! que não serás mais pura como antes
Aos teus pés terás os lírios, mas linda tu serás mormente
Mesmo que não sejas mais broto como dantes.
Oh! flor do céu! para teu lugar irá uma estrela cadente
Aqui na terra nascerás como o amor dos amantes
Que nasce do nada - assim como te criei, para brilhar eternamente...
* Em seu extraordinário romance Dom Casmurro, Machado de Assis "doou" dois versos ao "primeiro desocupado" que os quisesse para construir um soneto, que para ele "não saía de jeito nenhum". Utilizei apenas um, e a mim já foi o bastante, pelo que fiquei muito grato
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